Maria João Saraiva
- C arte
- 22 de jun. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 4 de dez. de 2020

“Esta é a área que mais me fascina pois acredito que maquilhagem é muito mais do que só técnica mas uma experiência e transformação por parte do artista e do/da modelo que “veste” essa maquilhagem.”
Instagram: @mariasaraiva.art
Email: mjsaraiva99@gmail.com
Texto por: Tatiana Alves
A Maria João tem 21 anos e estuda BA (Hons) Make-up and Hair Design na Southampton Solent University . Compreensiva e bastante determinada, pinta personalidades na pele de quem a procura.
Decerto que a primeira coisa que me ocorreu perguntar quando começamos a nossa conversa foi talvez, o que todos nós, mesmo hoje em dia iriamos questionar a alguém que está nesta área “O que pensas fazer futuramente a nível profissional?”. Na resposta nada me surpreendeu “Pretendo seguir a carreira de maquilhadora profissional e espalhar a arte que é a maquilhagem, interligando -a com a situação social, económica e política.”, senti uma paixão imensa no que senti também ser para ela pintar personalidades. De seguida acrescentou, “A minha página principal é de Instagram e é onde tento transpor todo o meu esforço e tempo, tendo como objetivo torná-la o meu portfólio digital. É uma página ainda em crescimento, mas pretendo torná-la num arquivo artístico bastante pessoal e inovador.”
Falar com a Maria é quase como, talvez, diria eu falar com uma visionária, e assim que a questionei “Que papel achas que tem a maquilhagem nos dias de hoje?” logo se provou o que já referia eu antes de sequer falar que tinha colocado esta pergunta. A resposta da Maria foi muito clara, mas deixaria qualquer um a refletir em qual será na realidade o papel que estará qualquer um de nós a ocupar neste ramo, mas isso já é Estória para outra conversa.
A maquilhagem hoje em dia pode levar-nos aos mais diversos temas, muitos deles até bastante polémicos hoje em dia, mas a Maria explica-nos facilmente o que mesmo ainda na busca da resposta mais acertada possa ser a mais próxima do que pensa, “Esta é uma pergunta que até eu ainda estou a tentar decifrar. Com o tremendo crescimento do Instagram entre outras redes sociais, acredito que a maquilhagem se dividiu em dois mundos. Um deles foi a divulgação da maquilhagem “de Instagram” que se foca inteiramente na área da beleza feminina e tem uma ponta artística muito limitada. Por outro lado, vejo também que a maquilhagem artística e mais alternativa está a ganhar a sua força. Esta é a área que mais me fascina pois acredito que maquilhagem é muito mais do que só técnica mas uma experiência e transformação por parte do artista e do/da modelo que “veste” essa maquilhagem.”

E depois desta deixa a pensar qualquer um, mesmo quem acha que percebe minimamente da “coisa”, na continuação da conversa, falando de quem lhe recorre para que com pozinhos brilhantes a Maria realce a beleza de quem a contacta me lhe perguntei como seria se ela fosse sua cliente, e a primeira coisa que disse foi “Começo por reforçar que ser maquilhada deve ser uma experiência e que a modelo também deve de dar a sua opinião .” Confesso que sempre pensei que quando alguém estava a ser maquilhado seria desagradável sugerir qualquer tipo de sombra ou tom de brilhante.
De seguida testemunhou, “Fui aprendendo ao longo do curso que a o diálogo entre a maquilhadora e a modelo deve ser mantido pelo simples facto de que, se a modelo não gostar de se ver com a maquilhagem que foi mandada fazer pelo diretor criativo do projeto (editorial, marca de roupa) , é mais provável que a modelo não tenha um bom desempenho. Dito isto, é lógico que a modelo conhece as suas feições, o seu tipo de pele e as suas preferências bem melhor do que a maquilhadora. Ou seja, é esperado que haja esse diálogo para chegar a um consenso e ter um produto final positivo. Se Eu fosse maquilhada por mim, mantinha este diálogo mas também, enquanto maquilhadora, tentava levar o tempo necessário para aperfeiçoar a técnica, que é um dos meus defeitos por vezes.”
Quando à algumas linhas atrás falavam que achava a Maria uma visionária na sua área foi também por isto, falar defeitos, com o propósito de evoluir, estávamos nós na reta final da nossa conversa quando me falou num dos projetos que realizou durante o curso em Southampton, o projeto de final de curso que seria de completa liberdade criativa.
E contou “Decidi criar uma exposição fotográfica on-line com o nome de “She, Mania”. É não só uma adaptação moderna da mulher durante a ditadura Salazarista mas também uma homenagem às obras grotescas de mulheres feitas por Paula Rego. Estando eu como diretora criativa do projeto e o fotógrafo Kevin Flores em cargo da fotografia e edição, penso que consegui representar a mulher oprimida, mas ao mesmo tempo empoderada”.
Este projeto está disponível no site www.she-mania.com e merece ser visto por todos.
Isto é de facto, muito pouco para demostrar o que a Maria faz, a Maria João visionária, que quer levar a sua arte ao mundo onde mostra que é como ela diz, “muito mais do que só técnica, mas uma experiência e transformação.”.
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